segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Candidato de Aécio e Pimentel doou R$ 1,1 mi para campanhas em 2002

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Preferido do governador tucano Aécio Neves e do prefeito petista Fernando Pimentel para ser candidato da pretendida aliança eleitoral PSDB-PT em Belo Horizonte, o secretário de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas Gerais, Márcio Lacerda (PSB), doou em 2002 para campanhas eleitorais R$ 1,15 milhão.

As doações foram feitas em nome de Lacerda (R$ 750 mil) e da Construtel Projetos e Construções (R$ 400 mil), empresa do setor de telecomunicações, atualmente inativa, do secretário do governo mineiro.

O maior beneficiário das doações em 2002 foi o então candidato do PPS a presidente, Ciro Gomes, de quem Lacerda foi um dos coordenadores financeiros da campanha. Ele doou a campanha de Ciro R$ 950 mil --82% do total doado. Em 2003, foi escolhido por Ciro seu secretário-executivo no Ministério da Integração Nacional.

O segundo maior beneficiado com R$ 100 mil foi o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), candidato a deputado federal naquela ocasião.

Também receberam doações os candidatos a deputado federal pelo PPS-MG Juarez Amorim e Ronaldo Gontijo, R$ 20 mil cada um, e Sérgio Miranda (PC do B-MG), R$ 10 mil. O candidato a deputado estadual pelo PT-MT Gilney Amorim Viana recebeu R$ 50 mil.

Lacerda é um ex-comunista que se tornou empresário de sucesso nos anos 80 e 90. De ex-militante do PCB e da Ação Libertadora Nacional, em 1969 --o que lhe custou quatro anos de prisão no regime militar--, ele se tornou um bem-sucedido empresário. A Construtel chegou a faturar em 1998 US$ 255 milhões. E vendeu outra empresa, a Batick, para um grupo americano.

Com a privatização das empresas do setor de telefonia, os negócios de Lacerda começaram a cair ano a ano. Em 2004, o faturamento da Construtel foi de R$ 2,4 milhões --e as suas doações eleitorais naquele ano não passaram de R$ 15 mil, para dois candidatos a vereador pelo PPS-MG.

Lacerda, em 2005, deixou o ministério após seu nome aparecer como suposto beneficiário de R$ 457 mil do esquema do mensalão petista. Mas ele foi inocentado pela Polícia Federal e pela CPI dos Correios. Convidado a voltar ao ministério, não aceitou. Em abril de 2007 aceitou o convite de Aécio para ser secretário no governo mineiro.

Cinco meses depois, ele foi filiado ao PSB por Aécio, que já pensava em um nome de um partido neutro para tentar fazer dele candidato de uma aliança PSDB-PT. O deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE) é um dos que trabalha para a aprovação da aliança.

Por meio da assessoria da secretaria, Lacerda disse que o assunto da doação "já foi divulgado, inclusive com reportagem da Folha em janeiro de 2003", quando foi convidado a assumir o cargo no ministério. Disse que foi um "ato normal, de acordo com a lei, e devidamente declarado" à Justiça Eleitoral.

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